sexta-feira, 26 de janeiro de 2018







Quando Farrapos virou Maravilha.



Raquel, menina meiga e delicada. Voz de anjo, digo isso, pois acredito que anjo tenha a mesma voz. Sorriso nos olhos. Covinhas nas faces. Linda como o por do Sol. Muito decidida. Vivia na casa da avó. Seus pais moravam em outro país.
A vila onde residia a família era de uma pobreza enorme. As casas, pequenas para famílias grandes. A maioria das moradias era de madeira. Não havia alegria na vila. As pessoas reclamavam se fazia sol, se chovia, se parava de chover, se trabalhavam, se não tinham trabalho. A lista de reclamações era imensa. Dia após dia a mesma ladainha.
Raquel, mudou para o vilarejo com sete anos de idade. Já sabia ler e escrever. Amava ir a escola. Amava os professores. Mas, a garota começou a ficar incomodada com tantas reclamações. Não entendia o que significava tanto falatório. Sabia que não achava legal as pessoas se queixarem de tudo e de todos.
 Raquel, começou a matutar sobre este assunto o qual ninguém havia pensado. Nem ela se deu conta quando um dia teve uma ideia. E, não demorou muito começou a por o plano em ação.
As aulas eram pela manhã, à tarde a menina estava livre. Passou a visitar a vizinhança e elogiar o dia.
Falava do cabelo de Sinhá que estava sedoso. Dizia a Maria que ela ficava linda de azul. E, assim ia criando elogios para todos os ranzinzas do lugar. Não dava trégua a ninguém. Ela tagarelava até as pessoas acreditarem.
Ela entendia que o sorriso era a confirmação de que estava dando certo a primeira parte do plano. Após algumas semanas ela percebeu que as pessoas começaram a usar os elogios. Pronto. Certa tarde, pediu a avó umas moedas, queria comprar umas sementes de flores. A avó, mulher sábia, entregou a neta uma nota e mostrou sua satisfação com a pequena.
Raquel, comprou diversas sementes de flores e saiu de casa em casa. Estava disposta a florir a vida das pessoas.
Como havia conquistado os corações, não foi difícil convencer as pessoas a criarem um pequeno jardim a entrada da casa. Não era exatamente um jardim, mas era um grande projeto para alguém tão jovem. E graças a delicadeza das ações de Raquel, as pessoas passaram a cuidar mais das casas. Os quintais eram varridos pelas manhãs e tardes. As mulheres cantavam canções vindas do coração, enquanto faziam suas atividades domésticas.
Logo, as sementinhas brotaram e encantaram a todos. A pequena Raquel, estava radiante, pois agora as pessoas estavam mais felizes. O próximo projeto  já nascia em seu coração. E, logo, ela o poria em ação.
Esta história aconteceu no Farrapos, nome pelo qual era conhecida a vilinha. No entanto, após as intervenções de Raquel, os moradores passaram a chamar o lugar de Maravilha em homenagem a doce menina que sempre dizia: Aqui é uma Maravilha para se viver.