Lembranças...
criança pequena
ia brincar onde
jorrava água pura
vinda da serra, cristalina
cresci enquanto
os adultos
faziam eventos
invadiam a natureza
e a despiam dos verdes
expondo-a ao sol
a cidade se apossou
da serra
desabrigou a mata
a fonte se perdeu
sem árvores
definhou, secou
agora não mais
as aves se alegram
a borboleta se foi
de fato encontrei
umas branquinhas,
perderam as cores
penso que o sol
as despintou
jazem agora sem abrigo
e, foram embora
as canções da natureza,
as buzinas martirizam
os ouvidos surdos
das árvores, às margens
do asfalto quente.
a água antes
pura e cristalina
descem tingidas,
da evolução humana,
são fétidas e tristes
aprendi pular poças
não há lua
se narcisando
na lama
e, sinto um aperto
e bastante lembro
da fonte...