quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016






Lembranças...


criança pequena
ia brincar onde
jorrava água pura
vinda da serra, cristalina

cresci enquanto
os adultos
faziam eventos

invadiam a natureza
e a despiam dos verdes
expondo-a  ao sol

a cidade se apossou
da serra
desabrigou a mata

a fonte se perdeu
sem árvores
definhou, secou

agora não mais
as aves se alegram
a borboleta se foi

de fato encontrei
umas branquinhas,
perderam as cores

penso que o sol
as despintou
jazem agora sem abrigo

e, foram embora
as canções da natureza,
as buzinas martirizam

os ouvidos surdos
das árvores, às margens
do asfalto quente.

a água antes
pura e cristalina
descem tingidas,

da evolução humana,
são fétidas e tristes
aprendi pular poças

não há lua
se narcisando
na lama

e, sinto um aperto
e bastante lembro
da fonte...